PA: Alunos de Abaetetuba recebem prêmio em Brasília

abril 18, 2008

Alunos da escola São Francisco Xavier, de Abaetetuba, no Pará, receberam em Brasília o 3º Prêmio Ciência do Ensino Médio. A escola foi a única do Pará a receber o Prêmio de 40 mil reais na categoria Região Norte pela realização do Projeto Biogás que foi desenvolvido pelos alunos José Ribeiro Filho e Malaliel Costa, sob a coordenação do professor Gilberto Luis Silva.

O projeto do Biogás consiste na decomposição de material orgânico (fezes de animais e de humanos) para a produção de gás metano, a ser usado como fonte de energia. A idéia é recolher as fezes que seriam despejadas nos rios da cidade, e com o uso de um biodigestor, obter gás metano que será engarrafado para ser convertido em gás de cozinha.

O ineditismo e a sustentabilidade do projeto são as principais características que o tem levado a vencer diversas seleções para participar de feiras e mostras no Brasil e no exterior. ‘Além de pensar numa saída para evitar a poluição dos rios, o produto final, o gás de cozinha, visa eliminar o uso do carvão à lenha, e a matéria orgânica ainda se torna adubo’, destaca o professor Luis Silva.

O projeto já foi exposto na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia 4 e 5, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo; na Mostratec (Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia), da Fundação Liberato da Cunha, em Novo Hamburgo-RS e na Fenaceb (Feira de Ciência de Educação Básica), em Belo Horizonte-MG. A participação na Mostratec credenciou o projeto a ser exibido na Milsete de Durban.

3º Prêmio Ciência do Ensino Médio

O concurso tem como objetivos: a) estimular e socializar as práticas de investigação científica nas escolas da rede pública nacional de ensino que ofertam ensino médio; b) valorizar as escolas públicas que se destaquem por iniciativas e experiências inovadoras e bem-sucedidas destinadas ao desenvolvimento da formação científica junto aos alunos de ensino médio; e c) incentivar o desenvolvimento de projetos escolares de investigação científica nas diferentes áreas do conhecimento (Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias; e Linguagens, Códigos e suas Tecnologia).

Resumo do Projeto

Resumo

Nos últimos sete anos houve um aumento da população ribeirinha no município de Abaetetuba/Pará, em conseqüência dos vários programas oferecidos pelo governo federal e da comercialização de vários produtos, entre eles o açaí, fruto típico da nossa região, pois oferece melhores condições para o plantio do produto, o que gera emprego e renda. Porém, esse refluxo populacional trouxe vários problemas ambientais, como a poluição dos rios pelas fezes humanas (coliforme fecais) elevando o índice de doenças e o desmatamento excessivo (porém preciso) da floresta, feito por famílias que ali vivem.

Hoje em dia é muito comum encontrar, aqui no Brasil, cidades litorâneas ou banhadas por rios que despejam o seu esgoto sem nenhum tratamento, na natureza. Em nossa cidade esse quadro não é diferente, todo o esgoto de nossa cidade é jogado nos rios, onde a escassez de peixes e proliferação de doenças já é percebida por causa dos impactos ambientais sofridos como a eutrofisação, o que comprovamos com estudos já realizados.

A solução que encontramos foi pesquisar a respeito do biogás, que é o processo de decomposição da matéria orgânica, ocorrendo na ausência do oxigênio, gerando o CH_­­₄ (gás metano) que é altamente inflamável, podendo ser usado como fonte de energia alternativa, e ter diversas utilidades, sem falar que a matéria que é gerada no final da decomposição é um dos melhores biofertilizantes. Nosso projeto consiste na construção de um biodigestor, onde no mesmo realizamos a prática da biodigestão e assim mostrar que é viável a sua implantação.

O nosso projeto consiste na construção de biodigestores que possam ser adquirido ou feito por pessoas de baixo poder aquisitivo, pois o material utilizado na construção do biodigestor ( pelo menos dois tambores de 200 L cada, dois registros de 1/2”, mangueira de gás e dois pinos de panela de pressão) e a do filtro (cano de PVC de ½”, conexões, palha de aço enferrujada e pelo de rabo de boi) é de baixo custo em relação aos já existentes. A matéria orgânica utilizada em nosso trabalho é o esterco de boi e de porco, o biogás se mostrou um gás que polui muito menos que os combustíveis derivados de petróleo. Somente em termo de comparação na queima do álcool combustível (um dos menos poluentes) há a liberação de duas moléculas de CO₂ a cada mol de álcool queimado, diferente do metano, que só libera uma.

Com o desenvolvimento de nossas pesquisas queremos alertar a população e as autoridades no sentido de que podem ser construídos biodigestores para implantação na zona ribeirinha (nossa região), sendo que para a produção do biogás, seriam capturados as fezes e restos de comida dos ribeirinhos, com essa prática, doenças causadas por bactérias que se depositam nas fezes poderiam ser eliminadas contribuindo para a qualidade de vida e conservação do meio ambiente, principalmente os rios, pois é dele que retiram o pescado (peixe, camarão), fonte de renda e alimento. A água é utilizada diariamente em suas atividades, desde o preparo dos alimentos até o uso na higiene pessoal, sendo assim, a saúde dessas pessoas fica gravemente afetada e a sobrevivência nesses locais torna-se cada vez mais difícil, sem contar que o gás gerado seria engarrafado para ser usado como gás de cozinha, eliminando o fogão a lenha, que é muito utilizado entre eles, deixando de desmatar a floresta para fazer fogo, e assim trazer um maior desenvolvimento para o município.

Informações de acontecimentos...

O projeto Biogás, da Escola Estadual São Francisco Xavier, de Abaetetuba, foi classificado em primeiro lugar na categoria Energia e Transporte, na Milset, uma feira internacional de ciências que aconteceu agora em julho, em Durban, na África, onde concorreu com outros 40 projetos na categoria. O professor Gilberto Luis Souza da Silva, orientador do projeto, e o estudante José de Souza Ribeiro Filho receberam o prêmio em Durban, de onde regressaram nesta semana. Além de José Ribeiro Filho, também participou do projeto o estudante Malaliel Pinheiro Costa. O projeto do Biogás consiste na decomposição de material orgânico para a produção de gás metano, a ser usado como fonte de energia. A idéia é recolher as fezes que seriam despejadas nos rios da cidade, com a instalação de um mini sistema de fossas biológicas, que alimentariam um biodigestor, responsável pela transformação do material em gás metano, que posteriormente seria engarrafado para ser convertido em gás de cozinha. O ineditismo e a sustentabilidade são as principais características do projeto que já ganhou reconhecimento em várias feiras de ciências brasileiras e agora, na feira internacional de Durban. “Além de pensar numa saída para evitar a poluição dos rios, o produto final, o gás de cozinha, visa eliminar o uso do carvão à lenha, e a matéria orgânica ainda se torna adubo”, destacou o professor Luis Silva.O projeto foi exposto na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia 4 e 5, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo; na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), da Fundação Liberato da Cunha, em Novo Hamburgo-RS e na Feira de Ciência de Educação Básica (Fenaceb), em Belo Horizonte-MG. A participação na Mostratec credenciou o projeto a ser exibido na Milsete de Durban. No próximo sábado, a equipe viaja para Chapada Diamantina na Bahia para receber o prêmio oferecido pela Votorantim, conquistado na Febrace 5, que ocorreu em março deste ano. “Foi muito importante nossa participação na Milset, pois percebemos que não é só através do esporte que podemos reunir nações, mas também através de uma Feira de Ciências”, disse o professor. A união entre professores e alunos de países e aldeias que se encontram em conflitos foi outro fato marcante para o professor e o estudante José, que falou o inglês fluentemente com os demais participantes de escolas de 60 países do mundo inteiro. O projeto agora espera por verbas para ser implantado na cidade em uma área de ribeirinhos. O investimento para ser implantado fica entre R$ 5 e R$ 7 mil podendo cada célula beneficiar cerca de cinco famílias.

O que é o projeto Biogás Fonte de Energia para os Ribeirinhos?

O projeto biogás nasceu de uma feira de ciências ocorrida, no Colégio São Francisco Xavier, em setembro de 2004, com uma equipe de alunos composta por: André, Deane, Gisele, José, Lindete, Lívia, e Malaliel (todos alunos de 8ª série), tendo como Orientador o Prof° Gilberto Luis Sousa da Silva (Matemático)... O projeto inicialmente buscava mostrar uma forma de energia alternativa que seria a prática da biodigestão, e conseguimos...
De lá pra cá muita coisa mudou! A equipe de alunos do projeto diminuiu (ficando somente com: José de Sousa e Malaliel Pinheiro), sendo que os mesmos conquistaram diversas premiações proporcionadas por participações em feiras de ciências pelo Brasil, chegando até a Milset na África do Sul, onde tiraram em primeiro lugar na área de Ciência Tecnologia e Transporte.